Questões raciais em pauta: vereador Ceará Mascate, durante discurso na sessão deliberativa remota da Câmara10/06/2020 - Questões raciais tomaram conta do discurso do vereador Ceará Mascate (Republicanos), na sessão deliberativa remota da última segunda-feira (8). No pronunciamento, disponível neste link, o parlamentar comentou os recentes protestos que vêm ocorrendo nos Estados Unidos da América (EUA), após o assassinato do afro-americano George Floyd, que foi estrangulado por um policial branco no dia 25 de maio.
No discurso, Ceará criticou o presidente americano Donald Trump, que ameaçou enviar tropas do Exército às ruas, para reprimir as manifestações contra o assassinato, chamando-as de “atos de terrorismo doméstico”. O vereador disse que o presidente é um “incentivador do caos”, ao invés de ser um apaziguador. E destacou, ainda, que “num país democrático, não se pode usar o Exército contra sua própria população”.
Manifestando repúdio a tal atitude, Ceará ressaltou que as Forças Armadas foram criadas para atuar em situações de guerra. E que o Exército, seja o americano ou o brasileiro, só pode ser usado para a “defesa da pátria” ou em “ações humanitárias”. “Essas são as funções do Exército. Fora isso, não pode ser usado para reprimir manifestações”, salientou, afirmando que Trump é um “presidente insano, que não conhece a realidade do seu povo”.
PALMARES
No discurso, o vereador explicou que comentou o assunto ocorrido nos EUA pois “estamos num mundo globalizado”. E lembrou que o Brasil também teve um caso recente, diretamente relacionado a questões raciais. Ceará criticou o presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo, que chamou o movimento negro brasileiro de “escória maldita”, além de ter xingado o líder revolucionário Zumbi dos Palmares. “Ele deveria defender a causa do povo negro”, disse.
“Uma pessoa dessa não deveria estar à frente de um instituto tão sério”, disse, lembrando que Camargo é contrário às celebrações da consciência negra. Ceará também traçou um paralelo com os EUA, onde a população negra representa 13%, e consegue “brigar pelos seus direitos”. No Brasil, negros somam mais de 50% da população. “Está na hora desse cidadão respeitar a história desse país, que foi construída com sangue e trabalho do povo negro”, finalizou.
ASILO
O vereador também agradeceu ao pastor Wellington, da igreja do bairro Parque Residencial São Clemente, por ter feito uma doação em prol do asilo. Na semana passada, Ceará fez discurso reivindicando doações em prol da entidade assistencial sem fins lucrativos. Ele também destacou a importância de a sociedade manter as doações, não somente ao asilo, mas também aos demais necessitados, nesse momento de pandemia. “Esse é um ato humanitário”, concluiu.