Vereadores criticam decisão do STJ que retirou o poder de polícia das guardas municipais

BrunoLeite 12.09.2022 02Bruno Leite, autor da Moção de RepúdioCom treze votos favoráveis, a Câmara aprovou nesta segunda-feira (12) a Moção 12/2022, de repúdio à recente decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que determinou que “os guardas municipais não têm poder de polícia”. A propositura é de autoria do vereador Bruno Leite (UNIÃO).

A votação ocorreu na sessão ordinária. No documento, que será remetido ao STJ, o parlamentar cita atribuições inerentes à corporação, e menciona, inclusive, as leis federais 13.022/2014 (Estatuto das Guardas Municipais) e 13.675/2018 (sobre o Sistema Único de Segurança Pública). 

O Estatuto prevê, dentre as competências das guardas, “a proteção dos direitos humanos fundamentais, o exercício da cidadania e das liberdades públicas, a preservação da vida, redução do sofrimento e diminuição das perdas, e o patrulhamento preventivo”, diz a Moção.

Já a lei 13675 afirma que o Sistema Único de Segurança, que é também integrado pelas guardas civis municipais, tem “a finalidade de preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, por meio de atuação conjunta, coordenada, sistêmica e integrada dos órgãos”.

DECISÃO

Painel Moção 12 12.09.2022Painel de votação do SAPL, com resultadoPela decisão do STJ, concluiu-se que a guarda municipal, “por não estar entre os órgãos de segurança pública previstos pela Constituição Federal, não pode exercer atribuições das polícias civis e militares”, e “a sua atuação deve se limitar à proteção de bens, serviços e instalações do município”.

“A tese foi firmada em julgamento de recurso no qual foram declaradas ilícitas as provas colhidas em busca pessoal feita por guardas municipais durante patrulhamento rotineiro”, e, “em consequência, foi anulada a condenação do réu por tráfico de drogas”, diz notícia do colegiado.

Em discurso, antes da votação, Bruno salientou que as guardas municipais atuam como polícia, especialmente em municípios pequenos, devido ao baixo efetivo da Polícia Militar. “O que seria da cidade de Monte Mor se não fosse a Guarda Municipal? Nós estaríamos perdidos”, afirmou.

A Moção ainda destaca que o STJ “não considerou todas as normas legais vigentes [...] que colocam a instituição Guarda Civil Municipal num papel fundamental na prestação da segurança pública do âmbito dos municípios brasileiros, ao lado das [demais] forças policiais”.

O documento cita o Recurso Extraordinário 846854-SP, do Supremo Tribunal Federal (STF). E diz que, no julgamento, o colegiado reconheceu que as guardas “cumprem papel nas atividades estatais de segurança pública, conforme expressa previsão constitucional e regulamentação legal”.

COMENTÁRIOS

Geral 12.09.2022 03O Plenário da Câmara, durante a sessão Além do autor, outros vereadores comentaram o assunto, em discursos que duraram, ao todo, cerca de meia hora (assista aqui). Professor Adriel (PT) ponderou que, na legislação, existe embasamento teórico que justifique a decisão de, em alguns casos, retirar o poder de polícia das guardas municipais. “O que não tem embasamento é se tomar essa decisão sem fortalecer os mecanismos da Polícia Militar, principalmente, que deve fazer esse papel”, afirmou, salientando o voto favorável à Moção. 

“Não é possível, gente, a gente deixar uma guarda [municipal] de lado [limitada], e pensar na vida do traficante. Aí é a maior inversão de valores que possa existir”, disse Beto Carvalho (UNIÃO), criticando a decisão do STJ e destacando que a medida judicial ocorreu a partir de uma “brecha” legal. “Mas também tem brecha na lei que dá para melhorar. Por que não se pensa em melhorar?”, questionou, ressaltando que os efetivos da guarda municipal são maiores que os da Polícia Militar. 

Paranhos (MDB) afirmou que as guardas municipais foram criadas “por ausência de polícia”, e não exclusivamente para proteger o patrimônio. “Só que eles [prefeitos] criaram as guardas, e não cobraram o Estado, também, de fazer a sua parte. Uma ação que era para ser paliativa passou a ser prioridade, predominante e, talvez, a única”, afirmou. Ele também disse que a PM atualmente tem estrutura razoável; a guarda, uma estrutura superior; mas a polícia investigativa “não existe”. 

“Se não fosse a guarda municipal, certamente, a segurança, tanto de Monte Mor como de outras cidades, seria muito prejudicada”, relatou Nelson Almeida (Solidariedade), destacando que o maior patrimônio das cidades não são os seus bens públicos, mas, sim, a sua população. “Então, a gente está [aqui] para prestar a segurança da população, e a gente não ficou de braços cruzados, mesmo com essa decisão”, disse o parlamentar, que atua na corporação montemorense, inclusive.

Verba para “fazedores de cultura” é debatida em audiência da CFO; outros PLs são explicados

Geral 09.09.2022 cfo 01Com o celular, assessor parlamentar filma a audiência pública da Comissão de Finanças: evento debateu seis Projetos de Lei de iniciativa do Poder Executivo, relativos a verbasDurou cerca de duas horas a audiência pública da Comissão de Finanças e Orçamento (CFO), que debateu Projetos de Lei (PL) da prefeitura que se referem a verbas de áreas diversas - incluindo Assistência Social, Saúde, Segurança Pública e Cultura (no último caso, recursos da Lei Complementar Federal 195/2022, conhecida como Lei Paulo Gustavo). O evento foi no Plenário da Câmara, na última sexta-feira (9), com transmissão pela internet (reveja).

Na maior parte do tempo, a discussão abordou o PL 116/2022. O diretor municipal de Cultura, Marcelo Lírio, explicou que a Lei Paulo Gustavo destina recursos federais para “sanar os males da pandemia, no setor cultural”, um dos últimos a retomar as atividades. Ele destacou que a verba, totalizando R$ 534,4 mil, será direcionada aos “fazedores e fazedoras de cultura de Monte Mor”, que serão selecionados por edital de credenciamento de projetos. 

Na presença de integrantes da classe artística municipal, que estiveram no Plenário, Lírio ainda salientou a necessidade de se fazer a devida adequação no Orçamento, com a inclusão da verba federal, para que os recursos “cheguem esse ano”.  Representando a sociedade civil, Anderson Zotesso afirmou que se tratava de um importante passo para a construção de uma política cultural. “O artista também é um trabalhador, e merece receber”, afirmou, no evento.

A audiência contou com a presença dos integrantes da CFO - Altran (MDB), presidente, Bruno Leite (UNIÃO), vice, e Professor Adriel (PT), secretário - além de Camilla Hellen (Republicanos), Paranhos (MDB) e Vitor Gabriel (PSDB). Da prefeitura, ainda participaram o secretário de Segurança, Anderson Palmieri, Maria Stela Forchetti, representando a pasta de Desenvolvimento Econômico e Social, e Wilson Bragança, que comentou o PL da saúde.

OUTRAS VERBAS

Geral 09.09.2022 cfo 02Vereadores e demais participantes da audiência públicaAnderson Palmieri esclareceu que o Projeto de Lei (PL) 124/2022 tem o objetivo de viabilizar a “devolução de aplicação de saldo de convênio”, no valor de R$ 4.739,67, ao Ministério da Justiça. O secretário destacou que o recurso consiste em “sobra” da emenda parlamentar que viabilizou a compra de viaturas, já entregues na semana passada. 

Sobre os PLS 115 e 117 (ambos da área de assistência social), Maria Stela explicou que o primeiro Projeto garante R$ 60 mil para calamidades públicas; e o segundo Projeto, R$ 38.473,31 para fortalecimento do Cadastro Único, inclusive com a compra de notebook para viabilizar os trabalhos das equipes. Segundo ela, foi feito mutirão para atualizar o cadastro.

Diretor de Planejamento, Wilson Bragança comentou o PL 122, com crédito federal de R$ 3.143,07 para custeio do “Programa Saúde com Agente”, de formação de agentes comunitários de saúde e agentes de combate às endemias. O PL 120, da área de Meio Ambiente, não foi debatido, pois foi retirado de tramitação, pela própria prefeitura. 

Na audiência, munícipes presentes e internautas puderam fazer comentários e perguntas sobre os assuntos. Parlamentares também esclareceram dúvidas, fizeram questionamentos, e, inclusive, orientaram que haja um maior detalhamento das justificativas dos Projetos que possuem pedidos de tramitação urgente, além da padronização de proposituras. 

ALGUMAS IMAGENS

Bruno Leite cita reclamações sobre plano de saúde dos servidores: usuário não é beneficiado

BrunoLeite 05.09.2022 Discurso“É um plano [de saúde] que não está cumprindo com o seu contrato, tendo em vista o número de reclamações”, afirmou Bruno Leite, sobre o Beneficência“Os funcionários públicos da cidade pedem socorro”. Com essas palavras, o vereador Bruno Leite (UNIÃO)  resumiu as constantes reclamações sobre o plano de saúde Beneficência Portuguesa, que atende aos servidores do município. Na sessão ordinária da última segunda-feira (5), o parlamentar relatou o problema, e disse que vai se reunir com a prestadora, para “cobrar rigidamente” uma solução. “O principal usuário não está sendo beneficiado”, relatou.

No discurso, Bruno disse que a contratação da empresa se deu a partir de licitação. “Mas é um plano que não está cumprindo com o seu contrato, tendo em vista o número de reclamações”, afirmou, citando que a marcação de consultas, em meio a tratamentos de doenças graves, está sendo comprometida, inclusive. Ele também relatou que usuários ligam para telefones que constam em agenda do Beneficência, e são informados de que profissionais não atuam há anos no plano.

RECLAMAÇÕES

“Então, você vê que não tem nada atualizado, muitos exames deixando de acontecer”, criticou, citando as reclamações recebidas frequentemente pelos vereadores, sobre o plano de saúde. 

Na sessão plenária da Câmara, o parlamentar também comentou os problemas de mobilidade urbana no município - e citou os contratos das empresas Rápido Luxo e da Rodovias do Tietê.

“Essas empresas fazem o que querem com a população”, criticou Bruno, destacando que caberia ao município cobrar a efetivação dos serviços públicos, em prol dos direitos da sociedade. 

Convocado, secretário cita ações contra enchentes, incluindo obras de desassoreamento

IMG 9485O secretário de Meio Ambiente, Bruno Ross Matheus, prestando informações no plenário: ações de combate às enchentes do município em pautaO secretário municipal de Meio Ambiente e Agricultura, Bruno Henrique Ross Matheus, compareceu ao Plenário da Câmara, na sessão ordinária desta segunda-feira (5). Ele havia sido convocado através do Requerimento 34/2022, de autoria do vereador Bruno Leite (UNIÃO), visando prestar informações sobre o planejamento do município para o combate às enchentes.

Bruno Ross citou “medidas mitigadoras” que estão sendo desenvolvidas pela pasta, incluindo o plano diretor de macrodrenagem - estudo iniciado em fevereiro, em parceria com o consórcio das bacias dos rios PCJ (Piracicaba, Capivari e Jundiaí), com resultado final previsto para agosto de 2023. A expectativa, disse ele, é “reduzir a frequência das inundações, ou até mesmo saná-las”. 

Segundo o engenheiro ambiental, o plano de macrodrenagem deverá caracterizar as causas e apresentar propostas de ações a curto (cinco anos), médio (10 anos) e longo prazo (20 anos). E, posteriormente, haverá a captação de recursos para a execução das propostas do estudo, por parte dos municípios envolvidos, assim como a subsequente realização das obras de melhorias.

O secretário também citou o projeto Rios Vivos, parceria com o Governo do Estado e o DAEE (Departamento de Águas e Energia Elétrica), que viabilizou obras de desassoreamento, iniciadas em 4 de agosto, no Córrego do Aterrado, afluente do Rio Capivari. Segundo ele, já foram retirados 260 caminhões de areia do córrego - trabalho que terá continuidade em outras áreas do município.  

Bruno ainda citou medidas de reflorestamento de mata ciliar e de construção de bacias de contenção em empreendimentos. E destacou que a “problemática” das enchentes contempla fatores diversos, como o fato de que o rio Capivari, em Monte Mor, recebe a água de outros sete municípios. Além disso, listou a impermeabilização do solo e o lançamento indevido de afluentes. 

Na manifestação inicial - que durou cerca de 15 minutos, antes da abertura às perguntas dos vereadores - o titular do Meio Ambiente também destacou que, nas ações que envolvem o meio ambiente, “os resultados não são momentâneos”, daí a relevância das ações da atual administração. “Para que nós possamos obter um resultado, nós temos que dar o pontapé inicial”, frisou. 

Autor da convocação, Bruno Leite destaca importância da continuidade de projetos ambientais e sugere criação de página da prefeitura com informações específicas sobre enchentes

 

IMG 9612O vereador Bruno Leite, autor do Requerimento de convocação do secretário de Meio Ambiente, pediu que as lideranças políticas tenham mais consciência sobre o assuntoAutor do Requerimento de convocação do secretário de Meio Ambiente, aprovado por 12 votos favoráveis e dois contrários, Bruno Leite destacou que o problema das enchentes ocorre há anos, e que o município nunca deu continuidade a projetos de governos anteriores (assista). “Se desse continuidade, as coisas estariam andando, creio eu, [e] esse problema seria amenizado”, afirmou. 

O parlamentar reconheceu a complexidade do problema, que demanda a atuação de todas as cidades banhadas pelo Capivari. Citou o crescimento desordenado do município e a liberação de loteamentos sem projetos e infraestrutura, causando alagamentos. E pediu atenção das autoridades. “É preciso conscientização, principalmente dos políticos, de quem dirige a nossa cidade”, afirmou.

Bruno também sugeriu que a prefeitura crie uma página específica, da secretaria de Meio Ambiente, com informações transparentes sobre as enchentes: dados sobre liberação de recursos para famílias atingidas, projetos em andamento, planejamento a curto, médio e longo prazo. “Para sanar essas dúvidas da população”, afirmou, citando a importância desse “canal direto” com os moradores.

Em sua fala, o parlamentar também questionou a previsão para conclusão das obras de desassoreamento de córregos e a duração da limpeza dos mesmos, depois de concluído o trabalho, inclusive com o plantio de mata ciliar. Em resposta, o secretário informou que os trabalhos devem se estender pelo próximo ano, para atender toda a extensão do rio, considerando as intempéries.

PARTICIPAÇÕES

A explanação do secretário Bruno Ross durou, ao todo, cerca de 80 minutos. Além de Bruno Leite, os vereadores Beto Carvalho (UNIÃO), Paranhos (MDB), Professor Adriel (PT), Altran (MDB), Professor Fio (PTB), Nelson Almeida (Solidariedade), Camilla Hellen (Republicanos), Wal da Farmácia (UNIÃO), Pavão da Academia (MDB) e Vitor Gabriel (PSDB) também abordaram o assunto, e fizeram questionamentos e comentários - assista ao vídeo neste link do YouTube

GALERIA DE IMAGENS

Foto Lado a Lado