Quase oito horas de oitivas: CP colhe depoimento de servidoras e do presidente do Conselho de Saúde

22.02.2022 CP Geral EdmilsonDa esquerda para a direita: Os vereadores Andrea Garcia, Professor Fio, Nelson Almeida e o último depoente de ontem, o presidente do CMS, Edmilson MonteiroDando continuidade aos trabalhos de colher depoimentos para subsidiar as apurações sobre a Denúncia 3/2021, a Comissão Processante (CP) da Câmara ouviu nesta terça-feira (22) três servidoras públicas lotadas na prefeitura, além do presidente do Conselho Municipal de Saúde (CMS). As oitivas tiveram início às 9h30 e se encerraram por volta das 19h, totalizando quase 8 horas ininterruptas de atividades. Antes, o colegiado já tinha ouvido o prefeito Edivaldo Brischi (PTB) e o ex-secretário de saúde, Sílvio Corsini.

Segundo a CP, nos depoimentos desta terça-feira as servidoras municipais Débora Cristina Vieira Batista Braga (diretora de Planejamento Orçamentário e Convênios), Ângela das Neves Silva Queiroz (escriturária) e Silvana Aparecida Zanetti (secretária de Finanças) foram questionadas sobre o funcionamento da gestão de pagamentos da prefeitura ao consórcio de saúde Cismetro. Já Edmilson da Silva Monteiro, presidente do Conselho de Saúde, foi convidado para prestar esclarecimentos sobre fatos e declarações dadas por ele a um veículo de comunicação, relativas a supostos pagamentos feitos pela prefeitura a médicos da UPA.

A CP é integrada pelos vereadores Nelson Almeida (Solidariedade), que é presidente do colegiado, Andrea Garcia (PTB), relatora, e Professor Fio (PTB), membro. Por decisão unânime dos membros da Comissão, foi decidido que os documentos relativos ao processo (como depoimentos, oitivas, atas de reunião e de deliberação, termos de diligência) somente serão disponibilizados aos vereadores e ao público antes da sessão de julgamento (que, conforme o Decreto-Lei 201/67, precisa ocorrer no máximo até o dia 4 de abril de 2022).

Apresentada por um munícipe e tendo seu recebimento acolhido pela Câmara em dezembro do ano passado, após aprovação do Plenário, a Denúncia acusa o prefeito Edivaldo Brischi (PTB) de “realizar pagamentos indevidos ao Cismetro [consórcio de saúde integrado pelo município] visando à quitação de serviços de profissionais lotados na UPA sem que os mesmos tenham sido prestados”. A íntegra da Denúncia, a defesa prévia do denunciado, assim como os relatórios prévios da Comissão, constam neste link do SAPL

GALERIA DE IMAGENS

A diretora de Planejamento Orçamentário Débora Braga, a escriturária Ângela Queiroz, a secretária de Finanças Silvana Zanetti e o presidente do Conselho de Saúde, Edmilson Monteiro, durante depoimentos à Comissão Processante

 

Os integrantes da Comissão Processante, com os depoentes, durante oitivas

 

Registros gerais do dia de depoimentos à CP: quase oito horas de atividades

PL quer sensibilizar a sociedade sobre a importância do combate aos maus-tratos contra animais

BrunoLeite 21.02.2022 3O vereador Bruno Leite, autor do PL: parlamentar defende, inclusive, patrulha de combate aos maus-tratos, na GCM, e implantação de clínica veterinária popularAprovado por unanimidade na sessão ordinária desta segunda-feira (21), o Projeto de Lei (PL) 136/2021 estabelece que, em 28 de outubro, será celebrado no município o dia de combate aos maus-tratos contra animais. A propositura é de autoria do vereador Bruno Leite (DEM).

Segundo o PL, a data faz alusão ao chamado “Caso Manchinha” - cadela que “foi assassinada com golpes de uma barra de alumínio”, em 2018, em Osasco (SP). Na época, o assunto incentivou debates legislativos no Congresso Nacional, incluindo a ampliação da pena para esse crime

Na Justificativa do documento, Bruno ressalta que um dos objetivos da iniciativa é viabilizar a “sensibilização da sociedade” para a “necessidade de proteger e prevenir a vida animal”. O parlamentar também destaca que crimes de maus-tratos não são um “fato raro”, infelizmente.

“Necessário, portanto, o posicionamento do Poder Público no sentido de coibir tais atos de crueldade”, afirma o vereador, que também menciona a relevância de “ações protetivas”, “bem como [a necessidade de se] levar à população o conhecimento da legislação que cuida do assunto”.

Também foi aprovada a Emenda Supressiva 4/2021, de mesma autoria. A propositura exclui, do PL original, artigo que previa a realização de atividades. O objetivo é evitar a violação da separação de poderes, já que o vereador não pode propor leis que impliquem em geração de ônus ao Executivo. 

“SEMENTINHA”

Geral 21.02.2022 02Vista geral do plenário, durante sessão que aprovou proposituras. Além do autor, outros parlamentares comentaram a iniciativa (assista ao vídeo no YouTube da Câmara)Em discurso, antes da votação, Bruno pediu apoio dos pares, para o Projeto de Lei; disse que não defende a causa animal por “politicagem”; e salientou que, inclusive, debateu o assunto com uma defensora dos animais. “Sinto-me muito privilegiado em […] plantar uma sementinha. Nós desenvolvemos um cofrinho […] que vai ser colocado nos comércios [para receber doações]. Onde as pessoas vão poder ajudar, porque, se depender do [Poder] Executivo, não vai acontecer nada”.

O parlamentar também disse que já agendou uma reunião com secretário de Segurança Pública, para tratar do assunto - inclusive sobre a possibilidade de se criar uma “patrulha de combate aos maus-tratos”, na Guarda Municipal, o que segundo ele já acontece em Jaguariúna e Campinas. “Porque não implementar na nossa cidade algo desse tipo? Lembrando que maus-tratos aos animais é crime”, salientou, também defendendo a implantação de uma clínica popular veterinária. 

Segundo Bruno, a clínica poderia disponibilizar consultas e castrações a preços populares - bastando, para isso, que a prefeitura concedesse um local para instalação do empreendimento. Beto Carvalho (DEM), Andrea Garcia (PTB), Paranhos (MDB) e Wal da Farmácia (PSL) também comentaram a importância do PL. Alguns, inclusive, criticaram o fato de que o Executivo não vem implementando as atividades de conscientização aprovadas pela Câmara. Assista aqui a íntegra dos debates.

Plenário rejeita veto do prefeito ao PLC que dá isenção de IPTU para famílias de baixa renda

Notebook Projeto de Lei Complementar 3.2021Notebook exibe tela de votação: veto total do Poder Executivo ao PLC 3/2021 foi rejeitado pelo PlenárioNa sessão desta segunda-feira (21), os vereadores rejeitaram o veto do prefeito Edivaldo Brischi (PTB) ao Projeto de Lei Complementar (PLC) 3/2021. Com isso, o PLC, que garante isenção do IPTU (Imposto Predial Territorial Urbano) para integrantes do Programa Minha Casa Minha Vida - ou de “conjuntos habitacionais de interesse social destinados à população de baixa renda” reconhecidos pela prefeitura - com renda familiar de até dois salários mínimos, será remetido ao Poder Executivo, para promulgação. “Se a lei não for promulgada no prazo de quarenta e oito horas pelo Prefeito, o Presidente da Câmara a promulgará e, se este não o fizer, em igual prazo, caberá ao Vice Presidente fazê-lo, obrigatoriamente”, estabelece o Regimento Interno do Poder Legislativo.

De iniciativa dos vereadores Beto Carvalho (DEM), Bruno Leite (DEM), Camilla Hellen (Republicanos), João do Bar (PSL) e Paranhos (MDB), o PLC 3/2021 havia sido aprovado em regime de urgência especial, na sessão plenária do dia 13 de dezembro. A propositura acrescenta dispositivos à Lei Complementar 13/2008 (o Código Tributário Municipal), prevendo o novo critério para isenção do imposto. No veto, rejeitado pelo Plenário por 12 votos favoráveis e duas abstenções, Brischi alega que “a matéria adentra em competência privativa do prefeito municipal [...], embora tenha excelente intenção dos parlamentares”; e afirma que “o Legislativo feriu os princípios da razoabilidade e da responsabilidade fiscal”. Alguns vereadores contestaram os argumentos (leia logo abaixo). 

O Projeto de Lei estabelece que, para obter a isenção do IPTU, os interessados deverão apresentar requerimento à prefeitura, contemplando: “prova de renda familiar, contrato de propriedade ou de posse do imóvel legalmente constituído”. A melhoria deverá beneficiar, inclusive, os moradores de condomínios populares como o Flamboyant e Pitangueiras, no Jardim do Engenho, que se enquadrem dentro dos requisitos. Em trecho acrescentado pela  Emenda Aditiva 3/2021, da Comissão de Finanças e Orçamento (CFO) da Câmara, o PLC ainda prevê que a obtenção da isenção do imposto municipal, tanto para beneficiários do Programa Minha Casa Minha Vida quanto para os proprietários das demais habitações de interesse social, “será permitida até o prazo de quitação do imóvel”.

OS AUTORES DO PLC

Os vereadores Beto Carvalho, Bruno Leite, Camilla Hellen, João do Bar e Paranhos, autores do PLC alvo de Veto integral do prefeito. Com rejeição do veto, propositura será promulgada

ARGUMENTOS CONTESTÁVEIS

Geral 21.02.2022 01Vereadores, durante a sessão ordinária da Câmara: evento foi transmitido ao vivo pelo Facebook e YouTubeAlguns parlamentares criticaram o veto do prefeito ao PLC, e salientaram a importância da concessão do benefício (assista neste link a íntegra do vídeo). Bruno Leite classificou o veto como uma “afronta” à Câmara e à população montemorense “que precisa de ajuda do governo”. Afirmou que se trata de matéria concorrente, e que tal isenção já é realidade em municípios vizinhos, como Hortolândia, Campinas e Indaiatuba. “Ninguém aqui aprovou algo irregular”, disse. Altran (MDB) comentou que todos os ofícios enviados pela Comissão de Finanças e Orçamento CFO), da qual é presidente, não foram respondidos pelo Poder Executivo. E também destacou que seria contrário ao veto.

Paranhos citou a presença do síndico do condomínio Pitangueiras, que, segundo ele, procurou os vereadores informando que a isenção já ocorria em outras cidades. Para o parlamentar, os argumentos apresentados pelo prefeito, para o veto, causam “indignação”, já que a situação não configura renúncia de receita. “Porque esse morador [contemplado com o Minha Casa, Minha Vida] já não produzia essa receita do IPTU”, afirmou, lembrando que os beneficiários do programa são pessoas vulneráveis e que não possuíam casa própria anteriormente. Ele também ressaltou que a isenção não é vitalícia. “Não há que se falar em veto em algo que não traz problemas, só traz benefícios”, disse.

A vereadora Camilla Hellen lembrou que o “bom gestor público” precisa ter empatia e sensibilidade com as causas sociais, como essa, relacionada às pessoas de baixa renda. “A gente só está trazendo para o município uma realidade que já existe em outros”, afirmou, lamentando o veto. “São vidas, são pessoas. Isso daqui é uma esperança para as pessoas que estão passando por essa dificuldade do IPTU”, afirmou. Presidente da Comissão de Justiça e Redação, Wal da Farmácia (PSL) citou estudos do colegiado e afirmou que o argumento de vício de iniciativa “não prospera”, por se tratar de matéria concorrente, conforme a Constituição Estadual. “A gente vai derrubar esse veto hoje”, disse. 

“Eu tenho a prova, aqui, de que o Executivo não quer esse Projeto”, completou o vereador Beto Carvalho, citando a Indicação 35/2021, de sua autoria, que, em fevereiro de 2021, já reivindicava a isenção do imposto para essas famílias. “Um ano [se passou]. Se quisesse já teria feito”, disse. “A gente fez esse Projeto não foi por politicagem, mas no intuito de melhorar a qualidade de vida daqueles moradores”, ressaltou João do Bar, citando os valores altos de contas de água, luz e taxas de condomínio, por exemplo.. “Esse Projeto vem no momento certo, no momento em que a população mais necessita”, disse Professor Fio (PTB), ressaltando que o PLC é “excelente”. 

Bruno cita multas indevidas e precariedade dos serviços públicos: para onde vai o dinheiro?

BrunoLeite 14.02.2022 DiscursoNa sessão, Bruno Leite também pediu que a prefeitura conceda o reajuste do funcionalismo públicoO vereador Bruno Leite (DEM) reclama que vem ocorrendo a cobrança indevida de multas de trânsito pelo município. Na sessão ordinária da última segunda-feira (14), o parlamentar relatou que já passou por esse problema algumas vezes - inclusive numa ocasião em que estava em Brasília (DF), e foi multado em Monte Mor, pelo suposto cometimento de infração. Ele afirmou que conversou com o comandante da Guarda Civil Municipal (GCM), e espera que sejam tomadas providências.

“Isso não pode acontecer. Para onde vai esse dinheiro das multas? Para lugar nenhum. [A] cidade [está] cheia de buraco, a Demutran defasada, com carros caindo aos pedaços, os cavaletes, quando tem enchente, de madeira, tudo quebrado. Não tem fita zebrada. A Defesa Civil tendo que pegar emprestado barco de outras cidades […]”, afirmou o vereador, no pronunciamento. “É triste dizer, mas eu nunca vi Monte Mor assim. Está tão ruim, que o povo está com saudade do passado”, disse.  

SERVIDORES

Na sessão, Bruno voltou a solicitar que a prefeitura encontre uma solução alternativa para o caso dos servidores inativos do município, que tiveram o pagamento do vale-alimentação suspenso por decisão judicial. “O tempo está passando e nada foi feito”, reclamou.

Ele também pediu que a prefeitura conceda o reajuste do funcionalismo público, inclusive para categorias como a dos guardas municipais, que recebem um salário “horroroso”, e da enfermagem. “Precisa ser revisto isso. […] Precisa sentar com o sindicato, sentar com todas as pastas”, defendeu. 

Foto Lado a Lado