Denúncia: favoráveis citam ato de fiscalização; contrários, irregularidades no documento

G IMG 4967 1No Plenário, populares assistem aos discursos dos vereadoresAntes da votação da Denúncia 2/2022, contra o prefeito Edivaldo Brischi (PTB), houve longos debates na sessão ordinária desta segunda-feira (20). Durante 50 minutos, vereadores discutiram o documento, que acusa o chefe do Poder Executivo de “prática de crime de responsabilidade de danos ao erário”. A denúncia foi recebida e aberta uma Comissão Processante.

Ocorreram discussões acaloradas entre os parlamentares, e a sessão chegou a ser suspensa por cerca de 15 minutos, pela Presidência da Casa, após pedidos de questão de ordem e acusações de práticas de “machismo” e de “violência de gênero”, feitas pela vereadora Andrea Garcia (PTB), contra o vereador Bruno Leite (UNIÃO). Bruno rebateu e negou as acusações. 

Em linhas gerais, os vereadores favoráveis ao recebimento da denúncia destacaram que a fiscalização dos atos da prefeitura é uma das atribuições da Câmara; já os contrários alegaram que o documento - que tem 25 páginas, excluídos os anexos - apresentava irregularidades e consistia numa “perseguição política”. Leia, abaixo, alguns trechos (e assista aqui ao vídeo na íntegra).  

 

Andrea Garcia (PTB): “Essa já é a terceira denúncia. É uma denúncia de perseguição política, a pessoa que entrou é um ex-candidato, ele tem o intuito de prejudicar o município. Essa denúncia não deve ser passada [...] Existem ilegalidades nesta denúncia, e se for aprovada ela pode ser cancelada. A gente tem que agir com a verdade, com coisas legais, porque essa CP [...] é para prejudicar o município”.

Beto Carvalho (UNIÃO): “Eu tenho mais dois anos e meio [para trabalhar] e sou pago para isso. [...] Vocês [munícipes] que pagam o meu salário, para fiscalizar o órgão que é o Executivo. Qual o problema de eu fiscalizar ele [prefeito], qual o problema de se aceitar uma Denúncia aqui dentro? [...] A Denúncia chegou aqui, e nós vamos ver se é verdade ou [se] não é. Qual o problema de fazer isso, gente?”

Wal da Farmácia (UNIÃO): “Toda denúncia que entrar nesta Casa, eu vou votar sim, para fiscalizar. Primeiro porque eu sou jurista, e eu fiz um juramento quando eu me formei em Direito. [...] A gente não tem esse poder de polícia, porque, se tivesse, ele [o prefeito] já estaria preso. [...] Fica aqui minha indignação com certas palavras [...] Eu não sou de bajular prefeito e nem secretário, eu trabalho para a população”.

Bruno Leite (UNIÃO): “Eu acho que nós temos a obrigação de apurar. [...] Mais uma denúncia, como se diz, política, e tem que ser analisada. Eu discordo das falas de muita gente aqui, mas, enfim. [...] Eu acho que a gente tem que investigar, sim. Eu não vejo problema nenhum. Se o prefeito não cometeu nenhuma irregularidade, que ele prove isso dentro dessa Comissão. Eu acho que nós temos que dar uma resposta [para a sociedade]”.

Nelson Almeida (Solidariedade): “A função do vereador é fazer leis, [...], Indicações, mas o dever do vereador é fiscalizar. E é o que muitos estão fazendo. Durante a CP [anterior] eu fiscalizei o prefeito. Em momento algum eu falei que ele roubou um real [...] Simplesmente a gente avaliou se ele [...] sabia ou não o que estava acontecendo, que era o que estava na Denúncia, se o prefeito sabia ou não, e ele sabia”.

 

Paranhos (MDB): “Esse tipo de denúncia não é de quem perdeu eleição [...] Esse tipo de denúncia, aqui, não tem outro meio senão ter saído de dentro do próprio governo. Então, vejam, senhores, nós temos uma crise instalada dentro do governo [...] Aqui nessa denúncia nós temos quatro itens e eu, avaliando aqui, [considero que] pelo menos dois são fortes [...] Não nos cabe outra situação que não seja averiguar, com bastante responsabilidade, com critério”.

Professor Fio (PTB): “Porque que ela [Comissão Processante] é política. Porque nós ficamos três meses [na CP anterior], avaliamos todas as irregularidades, comprovamos o erro, sumiu-se R$700 mil, e mesmo assim não deu em nada. Então, ela é política [...] Mas eu tenho a consciência tranquila [...] Se precisar, eu paro o meu gabinete de novo se eu for escolhido [para a atual CP], não tem problema. Porque eu fui eleito para isso, para fiscalizar, e vou fazer isso”.

Altran (MDB): “Eu vejo que [...] tem que ser investigado, sim. Eu fui um dos que já cobrei a sindicância dos R$700 mil, que até hoje não apareceu. Não sei para onde foi. Então, tem que ser investigado, sim. Ouvi algumas vozes aqui, de vereadores, dizendo que a saúde está [uma] beleza. Mentira, mentira, não está não. Eu recebo reclamações todos os dias, de que está faltando remédio”.

Vitor Gabriel (PSDB): “Eu sou a favor: tem que abrir mesmo a investigação. Porque [...] se não tem nada de errado, para que temer? Se está tudo certo, então vai passar, tranquilo. Só que todo mundo tem que ter consciência. Muitos falam, vai abrir outra CP e a cidade vai parar. Gente, a cidade já está parada [...] O que a gente não pode deixar é que a irregularidade tome conta da nossa cidade. E aí, quando for tentar resgatar, já é tarde demais. Temos que ter consciência , a gente não está brincando aqui”.

Camilla Hellen (Republicanos): “O prefeito com certeza irá provar, com elementos cabíveis, que toda essa denúncia é infundada. Nós tivemos, nobres vereadores, [na] sexta-feira, reunião com o corpo jurídico desta Casa. Foram apontadas todas as irregularidades da denúncia. Nós não podemos fechar os nossos olhos e simplesmente por uma questão política sermos coniventes com irregularidades simplesmente para podermos votar politicamente e tirar aquele que não nos agrada politicamente. Sejamos sóbrios”.

 

Contrário ao recebimento da Denúncia, presidente da Câmara só votaria em caso de empate

 

AlexandrePinheiro denúncia2 20.06.2022 02O presidente da Câmara, Alexandre Pinheiro, na sessãoÚltimo a comentar o assunto, antes da apreciação do recebimento da Denúncia, o presidente da Câmara, vereador Alexandre Pinheiro (PTB) foi um dos que fez discurso exaltado, e criticou o autor do documento, inclusive citando eventuais infrações à Lei Federal 13709/2018, conhecida como Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). O parlamentar, entretanto, só votaria em caso de empate, o que não ocorreu - a Denúncia foi acolhida por nove votos favoráveis e cinco contrários, conforme relação nominal divulgada no SAPL. Leia abaixo um trecho do comentário: 

Alexandre Pinheiro (PTB): “É muito engraçado que quem está arquitetando tudo isso são as mesmas peças que estavam por trás da outra [denúncia]. Salvo o denunciante, que não sabe nem o que está escrito na denúncia [...] E me estranha, também, como ele teve acesso a dados tão sensíveis, de acordo com a Lei Geral de Proteção de dados, LGPD [...] Então, há sanções aí para que ele possa responder, também, posteriormente, aí, sobre onde ele conseguiu esses dados, de onde vazou”.

Pavão da Academia acompanha trabalhos e elogia equipes da prefeitura por melhorias realizadas

PavãoDaAcademia 13.06.2022 DiscursoO vereador Pavão da Academia, na sessão do dia 13Durante discurso na sessão ordinária da última segunda-feira (13), o vereador Pavão da Academia (MDB) comentou algumas melhorias realizadas recentemente pelas secretarias municipais. O parlamentar disse que, na semana anterior, acompanhou os trabalhos feitos em vielas na região do bairro Jardim Guanabara, pela pasta de Obras. “Estava precisando muito. Equipe empenhada, e realizaram o trabalho ali, os munícipes agradecem”, comemorou. 

Na sessão, Pavão ainda destacou os serviços de limpeza, revitalização e pintura que foram realizados em vias públicas da região central da cidade. E parabenizou a secretaria de Meio Ambiente pela atuação. Além disso, comentou as demarcações de solo, como nas faixas de pedestres apagadas O parlamentar agradeceu ao Departamento Municipal de Trânsito (Demutran), e disse que tais pinturas foram realizadas, inclusive, em frente ao hospital. 

VALE GÁS

“O nosso município foi contemplado com o Vale Gás”, comemorou Pavão, na sessão da Câmara, destacando que a iniciativa do Governo do Estado vai atingir 528 famílias de Monte Mor. “Um benefício muito bom para a nossa cidade e para as pessoas que estão necessitadas”, relatou. Informações sobre o assunto estão disponíveis neste link

EVENTOS

Na sessão, o vereador também comentou rodadas de futebol realizadas no final de semana anterior, inclusive no Estádio Municipal e no Ginásio do Joaquinzão. Ele parabenizou os atletas participantes. E destacou, ainda, a festa junina realizada na Rua 10 do Jardim Paviotti.

Bruno comenta PL que prevê obtenção de empréstimo pela prefeitura: “qual a prioridade?”

BrunoLeite 13.06.2022 DiscursoO vereador Bruno Leite, na sessão da segunda-feira, 13Na sessão ordinária da última segunda-feira (13), o vereador Bruno Leite (UNIÃO) comentou o Projeto de Lei 77/2022, em tramitação na Câmara, que prevê a obtenção de empréstimo de R$ 50 milhões pela prefeitura. “Não importa se [o recurso para pagamento] é do Tesouro ou não. É dinheiro público, dinheiro do povo. […] Qual é a prioridade, asfaltar o [Jardim] Colorado ou [alugar] essas tendas para festas?”, disse, em referência à licitação feita pela prefeitura para “contratação de empresa especializada na locação de estruturas para eventos”.

No pronunciamento, Bruno ainda disse que essas tendas para eventos poderiam ser obtidas a partir de “parcerias com a iniciativa privada”, por exemplo, ou através de patrocínios. E que os R$ 2,2 milhões previstos nesta licitação seriam suficientes para fazer o asfaltamento do Colorado – bairro sobre o qual, inclusive, o Poder Executivo “disse que já tinha recurso guardado para o asfalto”. “Agora, pegar emprestado R$ 50 milhões, pagar R$ 91 [milhões]?”, criticou o vereador, sobre os juros previstos no Projeto 77/2022, da prefeitura.

Bruno ainda salientou que os parlamentares não estão se recusando a liberar o asfalto para ninguém. Mas defendeu a importância de o Poder Executivo apresentar um projeto, com o detalhamento das obras que seriam realizadas após a obtenção do empréstimo previsto no PL. “O que não dá é autorizar um empréstimo de R$ 50 milhões, e a gente não saber para onde vai [o recurso]. Quais serão as empresas que vão vencer essas licitações? [...] Será que tem algum partido por trás disso?”, questionou o vereador, na sessão do Poder Legislativo. 

CARGOS

O parlamentar também reivindicou que o departamento Jurídico da prefeitura libere o Projeto de Lei que prevê o plano de cargos e carreiras dos servidores públicos. Segundo Bruno, a propositura está em análise desde maio, e ainda não foi remetida à Câmara, para apreciação dos vereadores. “O servidor tem pressa em relação a isso”, relatou, pedindo agilidade.

Segundo Camilla Hellen, empréstimo para asfalto de bairros será quitado com recursos do FPM

CamillaHellen 13.06.2022 DiscursoA vereadora Camilla Hellen, na sessão ordinária do dia 13A vereadora Camilla Hellen (Republicanos) explica que o Projeto de Lei 77/2022, em tramitação na Câmara, de fato não especifica e detalha as obras que serão realizadas no município. A propositura, de iniciativa do Poder Executivo, prevê a obtenção de empréstimo de R$50 milhões. Segundo a parlamentar, a prefeitura informou que “como se trata de um formulário já padronizado, do banco, tem que ser [elaborado] de forma genérica, onde eles não detalhem, porque os detalhes serão feitos nas licitações”. “E, aí, nós poderemos fiscalizar as licitações”, afirmou a vereadora, na sessão ordinária da última segunda-feira (13).

No pronunciamento, Camilla comentou que o pagamento das parcelas será “através de medição” das obras realizadas. E que a quitação não será feita com recursos municipais. “O município não vai pagar nada do Tesouro […] Será descontado de um fundo que o próprio Governo Federal disponibiliza, que é o Fundo de Participação dos Municípios”, afirmou. “Será emprestado, sim. Porém, não sairá nada do Tesouro [municipal]”, concluiu. “Esse asfalto é muito importante para os bairros. Todos querem”, finalizou a parlamentar, citando as dificuldades enfrentadas pelos moradores de localidades onde não há pavimentação asfáltica.

A vereadora disse que esse assunto foi abordado em uma reunião realizada recentemente, com a participação de moradores e lideranças dos bairros Jardim Colina, São Sebastião e Jardim Colorado, e também do São Clemente - oportunidade em que tais pontos foram esclarecidos. Camilla ainda destacou que é importante que os vereadores de fato “se debrucem” sobre o Projeto, analisando suas especificidades. E acrescentou a relevância de audiências públicas, com a participação popular, para garantir o esclarecimento de dúvidas. “Foi uma Indicação minha, o asfalto no bairro São Sebastião”, completou.

Foto Lado a Lado